sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Segundo e último dia do “Acessibilidade e Inclusão: Justiça para Todos” teve debate sobre a Lei de Cotas

O encerramento do evento de conscientização e sensibilização Acessibilidade e inclusão: justiça para todos, promovido pela Comissão de Acessibilidade, em parceria com a Escola Judicial do TRT-2, começou, mais uma vez, com música. Logo às 13h, na Praça da Justiça (Fórum Ruy Barbosa), houve a apresentação do coral e flautas Feliz Idade Clube A, projeto do Shopping Eldorado que integra senhoras da terceira idade por meio da música. As simpáticas integrantes interpretaram canções nacionais e internacionais, levando parte dos presentes a cantarolarem juntos músicas como Bésame Mucho. (Confira aqui as fotos do segundo e último dia do evento.)
 
Às 17h, iniciando-se as atividades de auditório, subiu ao palco o coral de surdos Mãos que Cantam e Encantam. A apresentação começou com a interpretação gestual do Hino Nacional. Ao final, foi solicitado ao grupo um bis, prontamente atendido com a canção Primavera, de Tim Maia. Terminada a música, a plateia ficou praticamente em silêncio. Poucos aplausos foram ouvidos. É que, como o coral era formado por surdos, as palmas foram expressas com as mãos sendo balançadas para o alto.
 
E mais emoção ainda estava por vir. Na sequência, foi apresentado O amor, a escuridão e o silêncio, um depoimento do casal de surdo-cegos Cláudia Sofia Indalécio Pereira e Carlos Jorge Wildhagen Rodrigues, primeiro mergulhador surdo-cego do Brasil e segundo do mundo. Quem primeiro falou foi Cláudia Sofia, que, por ter nascido ouvinte e precisar de ajuda de aparelho para escutar, sabe falar e não precisou de intérprete para se comunicar. Saber se virar, inclusive, foi coisa que ela aprendeu desde cedo. “Minha mãe disse que, se eu quisesse comer e me vestir, iria ter que fazer algo em troca. Já fiz muita comida ruim e quebrei muito copo, mas estou aqui,” disse, mostrando-se satisfeita com o incentivo e apoio que contou sempre ter tido da família.


Enquanto Cláudia falava, uma intérprete gesticulava suas palavras para o marido dela. Como ele não enxerga, utilizava as mãos para poder entender a intérprete. Quando chegou sua vez de se expressar, a intérprete traduzia seus gestos, que eram comunicados em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). Ele se mostrou eloquente e cheio de histórias pra contar, tanto que, às vezes, a intérprete pedia para ele ir mais devagar, pois não conseguia acompanhá-lo.
 
E como atração final do evento, o assunto central entrou em pauta de discussão. Três especialistas na Lei de Cotas participaram de um painel, em que foi possível expor aspectos favoráveis e contrários à lei. Foi o painel Inclusão e trabalho – implicações da Lei de Cotas.
 
O painel foi conduzido pela desembargadora Ana Maria Contrucci Brito Silva, presidente da Comissão de Acessibilidade do TRT-2. Além dela, discutiram o tema: o juiz do trabalho Marcos Neves Fava, autor do livro Execução trabalhista efetiva, e coautor do livro O direito material e processual do trabalho dos novos tempos – estudos em homenagem ao professor Estêvão Mallet; Paulo Sérgio João, advogado, professor da PUC-SP e da FGV, vencedor do prêmio Client Choice Awards 2011, oferecido pelo The Internacional Law Office (ILO), na categoria Emprego/Trabalho; e Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, desembargador do TRT-9, ex-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região, primeiro magistrado cego do Brasil.
 
Durante todo o evento, ficou o sentimento de evolução com relação ao ano passado e de busca por melhorias para o próximo ano. A discussão sobre o tema já é uma constante no TRT-2, e o espaço para a discussão com essas dimensões parece ter entrado de vez no calendário do Tribunal.

Fonte: http://www.trtsp.jus.br/

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